ROGERS, Carl. Tornar-se Pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 1982.
Nesse livro, Carl Rogers mostra sua longa experiência no campo da psicoterapia. O mesmo afirma que quando o terapeuta está experienciando uma atitude calorosa, positiva e de aceitação para com aquilo que está no seu cliente, isso facilita a mudança. Isso implica que o terapeuta esteja realmente pronto a aceitar o cliente, seja o que for que esteja sentindo no momento – medo, confusão, desgosto, orgulho, cólera, ódio, amor, coragem, admiração. Isto quer dizer que o terapeuta se preocupa com seu cliente de uma forma não possessiva, que o aprecia mais na sua totalidade do que de uma forma condicional, que não se contenta com aceitar simplesmente o seu cliente quando este segue determinados caminhos e com desaprová-lo quando segue outros.
Quanto mais o terapeuta assume esta atitude (de aceitação), mais a terapia tem probabilidades de ser bem sucedida. A partir daí o cliente passa a aceitar os seus sentimentos e começa pouco a pouco a tornar-se capaz de ouvir a si mesmo – a perceber quando está irritado, a reconhecer quando tem receio, e mesmo a tomar consciência de quando se sente com coragem. À medida que começa a si abrir mais para o que se passa nele, torna-se capaz de perceber sentimentos que sempre negou e reprimiu. Enquanto vai aprendendo a ouvir a si mesmo, começa igualmente a aceitar-se. Descobre que é possível abandonar a fachada atrás da qual se escondia, que é possível pôr de lado os comportamentos de defesa e ser de uma maneira mais aberta o que realmente é.
O Dr. Carl Rogers mostra que depois da terapia a pessoa começa a ver-se de modo diferente: Aceita-se e aceita seus sentimentos de uma maneira mais total; Torna-se mais autoconfiante e mais autônoma; passa a ser mais flexível, menos rígida nas suas percepções; aceita mais abertamente os outros. O cliente descobre que pode viver uma relação com base nos sentimentos reais, em vez de se fundar numa falsa aparência defensiva. A razão disso é o fato de, na terapia, o individuo aprender a reconhecer e a exprimir os sentimentos como seus, e não como um fato que dissesse respeito a uma pessoa.